Ratinho Jr criou mais de 1100 cargos comissionados durante sua gestão, além de nove secretarias.

Nos últimos anos, o governo de Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) promoveu uma ampla expansão da estrutura administrativa estadual, marcada pela criação de centenas de cargos comissionados em diferentes áreas do Executivo. As medidas, aprovadas pela Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e sancionadas sem vetos, vêm despertando debates sobre os impactos financeiros, administrativos e políticos dessa ampliação.

  • 542 novos cargos aprovados em 2022

Em maio de 2022, deputados estaduais aprovaram seis projetos de lei que criaram um total de 542 novos cargos comissionados em órgãos do estado. Foram 121 cargos para a Alep, 261 para o Ministério Público do Paraná e 160 para o Tribunal de Justiça. O impacto financeiro estimado à época era de aproximadamente R$ 100 milhões por ano.

Os projetos foram encaminhados ao governador Ratinho Jr., que optou por não vetar nem sancionar, devolvendo-os ao Legislativo. Com isso, a Alep promulgou as leis por conta própria. A justificativa do Executivo foi de que se tratava de matérias relacionadas a poderes autônomos, como o Judiciário e o Ministério Público, e que, portanto, caberia à própria Assembleia concluir o processo legislativo. Decisão confortável, já que o isentaria da responsabilidade.

  • Reforma administrativa e mais 500 cargos

No fim de 2022, o governo apresentou uma ampla reforma administrativa, que resultou na criação de nove novas secretarias estaduais e mais cerca de 500 cargos comissionados. A justificativa foi modernizar a máquina pública e descentralizar políticas públicas em áreas estratégicas, como cultura, inovação e igualdade racial.

O pacote foi aprovado pelos deputados estaduais e sancionado no início de 2023, convertendo-se na Lei nº 21.352/2023. Segundo estimativas oficiais, o custo anual dessa nova estrutura gira em torno de R$ 93 milhões. A reforma também extinguiu ou fundiu autarquias como Paraná Turismo, Paraná Edificações e a Rádio e Televisão Educativa (RTVE), absorvendo suas funções nas novas secretarias.

  • Novas nomeações na Saúde

Mais recentemente, em 2025, o governador Ratinho Jr. anunciou a criação de 95 novos cargos comissionados na Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), mesmo diante de um déficit de mais de 4 mil servidores efetivos. Segundo o governo, as novas funções têm caráter técnico e visam melhorar a gestão da pasta. O impacto financeiro previsto é de R$ 7,8 milhões anuais.

A medida, no entanto, gerou questionamentos de sindicatos e parlamentares da oposição, que classificaram a proposta como um “trem da alegria” e cobraram transparência nos critérios de seleção e remuneração para os novos cargos.

A criação de mais de 1.100 cargos comissionados entre 2022 e 2025 contrasta diretamente com o discurso de liberdade econômica e austeridade fiscal defendido pelo governador Ratinho Jr. Embora apresentadas como medidas de modernização administrativa, essas iniciativas representam um aumento expressivo de gastos públicos — custos que, no fim das contas, serão bancados pela própria população paranaense. Vale lembrar que o governo estadual também promoveu aumentos de impostos sobre energia elétrica e água, afetando diretamente o bolso dos consumidores. Além disso, o Paraná mantém a maior alíquota de ICMS da região, fixada em 19,5%, superior à de estados vizinhos como São Paulo e Minas Gerais (18%) e Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (17%). A combinação entre carga tributária elevada e expansão da máquina pública coloca em xeque a coerência entre o discurso oficial e as práticas administrativas do atual governo.

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