
Imagem: Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
A médica Thaisa Hoffmann Jonasson, residente em Curitiba-PR e sócia de empresas locais, surge como figura central em uma das maiores investigações de corrupção no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), conhecida como “Farra do INSS”. Ao lado de seu marido, o ex-procurador-geral Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, Thaisa é acusada de envolvimento em um esquema que desviou milhões por meio de descontos ilegais em benefícios de aposentados e pensionistas. Relatórios sigilosos revelam um padrão de enriquecimento ilícito, com compras de carros de luxo, imóveis milionários e repasses suspeitos. A CPMI do INSS no Congresso, presidida pela senadora Damares Alves, solicitou a prisão preventiva de 21 envolvidos, incluindo o casal, enquanto a Justiça Federal bloqueou bilhões em bens para ressarcir as vítimas.
O escândalo, revelado entre 2019 e março de 2025, envolveu descontos indevidos em folhas de pagamento, beneficiando associações e consultorias ligadas aos investigados. Virgílio, com salário mensal de R$ 24 mil como servidor público, teria facilitado esses descontos durante sua gestão no INSS, contrariando normas internas e pareceres técnicos. A Advocacia Geral da União (AGU) obteve bloqueios de R$ 2,8 bilhões em bens de 12 associações, seis consultorias e outras entidades, além de sócios como Thaisa. Para o casal, os bloqueios somam R$ 23,8 milhões por entidade, com quebra de sigilo bancário e fiscal de 2019 a 2025. Thaisa, atuante em Curitiba, também adquiriu nove apólices de seguro automotivo entre 2021 e 2023, reforçando as suspeitas de lavagem de dinheiro.
Os Fatos da Investigação: Descontos Ilegais e Repasses Milionários
Virgílio teria recebido R$ 11,9 milhões de empresas conectadas ao esquema, sendo R$ 7,5 milhões através de empresas ligadas a Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e apontado como lobista do esquema. Parte dos repasses foram efetuados por meio da esposa de Virgílio, Thaisa Hoffmann Jonasson. Um relatório da Controladoria Geral da União (CGU) identificou um aumento patrimonial de R$ 18,3 milhões para Virgílio no período. A senadora Damares Alves criticou a impunidade inicial, e a CPMI pediu ao STF a prisão do casal e outros, alegando risco de obstrução das investigações e necessidade de resguardar a apuração das fraudes bilionárias em descontos ilegais de benefícios previdenciários
Carros e Bens do Casal: Estilo de Vida Incompatível com a Renda
Thaisa, moradora de Curitiba e onde opera sua empresa, acumulou bens que contrastam com a renda declarada do casal. Por meio da THJ Consultoria Ltda., ela adquiriu três imóveis entre 2022 e 2024, totalizando R$ 3,47 milhões, todos pagos à vista:
- Um apartamento no bairro Campo Comprido, em Curitiba, avaliado em R$ 2,5 milhões — o mais valioso.
- Uma sala comercial em Curitiba.
- Um apartamento às margens do Lago Paranoá, em Brasília (DF).
O grupo de investigados, incluindo o casal, comprou 47 imóveis entre 2018 e 2025, movimentando R$ 35 milhões, conforme a PF. Thaisa também comprou um SUV Porsche Cayenne híbrido no valor de R$ 787 mil em agosto de 2024, em uma concessionária de Curitiba. Virgílio adquiriu uma Mercedes-Benz GLB 35 AMG por R$ 508,5 mil em 2025 e reservou um Audi A5 Sedan Performance S Edition por R$ 380 mil em maio de 2025, mesmo após ser alvo da Operação Sem Desconto. As empresas de Thaisa em Curitiba — Curitiba Consultoria em Serviços Médicos S.A., Vênus Consultoria Assessoria Empresarial S.A., THJ Consultoria Ltda. e Centro Médico Vita Care — tiveram bens bloqueados em R$ 23,8 milhões cada uma, com sócios como Rubens Oliveira Costa (possivelmente ligado a Virgílio) e Priscilla Mattos Gomes também afetados. Thaisa também atua como médica no Centro Médico Vita Care, em Curitiba.
O Papel de Virgílio: O Marido no Centro do Esquema
Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, marido de Thaisa, ocupou o cargo de procurador-geral do INSS, e de acordo com apuração da CGU, facilitou descontos ilegais para entidades como a Contag, ao incluir ratificação de desbloqueios em lote de benefícios previdenciários para permitir a inclusão de descontos associativos. O ato contrariou os procedimentos usuais e a manifestação da área técnica do órgão.
Direito ao Contraditório
Em compromisso com o jornalismo ético e equilibrado, esta redação entrou em contato com Thaisa Hoffmann Jonasson, por meio de seu e-mail, oferecendo espaço para que ela apresentasse sua versão dos fatos sobre as alegações de envolvimento no esquema do INSS e indícios de lavagem de dinheiro. Até o momento da publicação desta matéria, não recebemos qualquer retorno. O espaço permanece aberto para que ela se manifeste, e qualquer declaração ou esclarecimento será incluído em atualizações futuras da reportagem.
O caso prossegue com investigações em curso, com potencial para mais revelações. As alegações baseiam-se em documentos oficiais, porém o casal não se manifestou publicamente até o momento.

Parabéns pelo conteúdo, muito bem escrito. Forte abraço.