
Reprodução: Gabriel Bertolucci
O Bairro Flores do Campo, na zona norte de Londrina, foi concebido em 2013 como um dos principais projetos habitacionais da cidade, dentro do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. A obra, no entanto, foi paralisada em 2015 por falta de repasses financeiros, deixando centenas de moradias inacabadas — algumas já rebocadas, outras sem telhado, e poucas prontas para uso.
Com a paralisação e o abandono, em 1º de outubro de 2016, cerca de mil famílias brasileiras ocuparam o local, transformando o conjunto habitacional em uma grande ocupação urbana. Desde então, o espaço passou por mudanças significativas. Segundo levantamento mais recente da Cohab Londrina, aproximadamente 350 famílias ainda vivem no Flores do Campo. Diversos programas municipais e estaduais vêm tentando realocar os ocupantes para moradias regulares, mas a dinâmica da comunidade tem se transformado de forma inesperada: enquanto famílias brasileiras deixam o local, um número crescente de venezuelanos chega para ocupar as casas abandonadas.
Nos últimos meses, os sinais da presença venezuelana tornaram-se cada vez mais visíveis. Em uma das ruas principais, uma igreja evangélica exibe lado a lado as bandeiras do Brasil e da Venezuela, simbolizando a nova composição da comunidade.
Mais adiante, anúncios de moradias e serviços escritos em espanhol são colados nos muros e postes, indicando a chegada organizada de novos moradores estrangeiros — muitos deles migrantes que vieram ao Brasil em busca de refúgio humanitário e oportunidades de trabalho.

Reprodução: Gabriel Bertolucci
A precariedade estrutural é um dos principais problemas enfrentados pelos moradores. As ruas do Flores do Campo são de chão batido, sem qualquer pavimentação, o que dificulta a circulação de veículos e pedestres, principalmente em dias de chuva. O bairro não possui rede de esgoto nem sistema adequado de drenagem, e grande parte das casas improvisa ligações precárias para água e energia, aumentando os riscos sanitários e de acidentes.

Reprodução: Gabriel Bertolucci
Durante os períodos chuvosos, a situação se agrava ainda mais. A água se acumula rapidamente, formando grandes poças e alagando trechos inteiros da ocupação, isolando famílias e danificando moradias já fragilizadas pela falta de manutenção. Moradores relatam que, em algumas ocasiões, a lama toma conta das ruas e invade as casas, tornando o local praticamente intransitável.
