
cos meses após a aprovação de uma lei municipal que prorroga os contratos das empresas operadoras do transporte coletivo em Curitiba por até 24 meses, a família Gulin, uma das principais controladoras do sistema de ônibus da capital paranaense, anunciou o início da construção de um condomínio de luxo que promete ser o mais caro da cidade. O empreendimento, batizado de Ícaro Casa Terrea, é liderado pela AG7, braço imobiliário do grupo familiar, e terá unidades residenciais com preços variando entre R$ 13 milhões e R$ 40 milhões.

O anúncio foi feito nesta semana pela AG7, empresa comandada por Alfredo Gulin Filho e seu filho, Alfredo Gulin Neto. O condomínio será erguido na Rua Paulo Gorski, no bairro Mossunguê, entre a Avenida Pedro Viriato Parigot de Souza e a Rodovia BR-277. Com 38 residências exclusivas, o projeto é descrito como uma combinação de “conforto e dimensão de casas” com a “conveniência dos prédios”, diferenciando-se de outros lançamentos da incorporadora, como o AGE360, apresentado durante a pandemia de Covid-19. As obras estão programadas para começar em novembro de 2025, consolidando a expansão da família Gulin para além do setor de transportes, no qual eles mantêm domínio histórico.
A novidade chega em um momento surpreendente, logo após a sanção da Lei Ordinária nº 16.552/2025, aprovada pela Câmara Municipal de Curitiba em agosto deste ano. A legislação altera dispositivos da Lei nº 12.597/2008, que organiza o Sistema de Transporte Coletivo da cidade, e autoriza a prorrogação dos contratos atuais das concessionárias para garantir a continuidade do serviço enquanto uma nova licitação é preparada. Com o grupo da família Gulin sendo um dos beneficiados com a prorrogação nos contratos.
A família domina os contratos do transporte coletivo de Curitiba há décadas, com raízes que remontam a 1949, quando Alfredo Gulin, fundou sua primeira empresa de ônibus junto com o irmão João e o amigo Mario De Pol. Desde então, o grupo expandiu sua influência: na era do ex-prefeito Ney Braga, Alfredo controlava os bondes; sob Jaime Lerner, o filho Donato assumiu o comando; e atualmente, com a administração de Rafael Greca e agora Eduardo Pimentel, os netos mantêm o legado nos transportes públicos de Curitiba. O império familiar não se limita ao transporte, também abrange o ramo de imóveis, formando assim uma rede que opera em Curitiba e arredores há mais de 70 anos.
Críticos do sistema de transporte apontam para a longevidade dessa dominação como um entrave à concorrência e à modernização, especialmente em um momento em que a cidade prepara uma nova concessão para 15 anos, com subsídios e investimentos gigantescos previstos. Enquanto isso, com o lançamento do Ícaro Casa Terrea, a família Gulin se reforça cada vez mais em Curitiba.
A Prefeitura de Curitiba defende a prorrogação como essencial para uma “transição suave”. Entretanto, o histórico mostra que os Gulin serão mais uma vez os favoritos nas próximas licitações, consolidando cada vez mais seu “império” na capital paranaense.
