Secretário Municipal de Pinhais é condenado por peculato, mas prefeitura decide não exonerá-lo do cargo

Imagem: Redes Sociais

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) condenou o secretário de Pinhais Ricardo Augusto Pinheiro a 26 anos e 12 dias de reclusão, além de 127 dias-multa, em regime inicial fechado. O acórdão, proferido em 14 de outubro de 2025 pela 2ª Câmara Criminal do TJSC, sob relatoria do desembargador Norival Acácio Engel, refere-se à Apelação Criminal nº 5003648-20.2022.8.24.0055/SC e representa a mais recente atualização no “Escândalo das Diárias”, desdobramento da Operação Iceberg. Apesar da gravidade da sentença, Pinheiro continua ocupando o cargo de Secretário Municipal de Cultura, Esporte e Lazer (Semel) na Prefeitura de Pinhais (PR), sem indícios de exoneração por parte da administração local.

O documento judicial, assinado eletronicamente em 14 de outubro de 2025, reformou a sentença absolutória de primeira instância, atendendo ao recurso do Ministério Público de Santa Catarina. Pinheiro foi condenado por peculato (artigo 312, caput e §1º, do Código Penal), em continuidade delitiva e concurso material, por seu papel central em um esquema fraudulento que desviou recursos públicos da Câmara Municipal de Rio Negrinho (SC) entre 2007 e 2016. A investigação, iniciada na comarca de Tijucas (SC) e estendida a Rio Negrinho, revelou que vereadores e servidores recebiam diárias indevidas para participar de cursos fictícios em Curitiba (PR), organizados por empresas ligadas aos réus. Essas empresas lucravam com inscrições pagas pelo erário, emitindo certificados e listas de presença falsas para encobrir os desvios.

De acordo com o acórdão, Pinheiro, como um dos corréus e gestor de empresas envolvidas, apropriou-se indevidamente de valores pagos a título de diárias, com dolo evidente na intenção de promover desvios reiterados em proveito próprio e das companhias. O prejuízo aos cofres públicos de Rio Negrinho superou R$ 615 mil, valor que os condenados devem reparar solidariamente, conforme determinou a corte. A materialidade e autoria foram comprovadas por relatos firmes de delegados e policiais civis da Operação Iceberg, que confirmaram a inexistência dos cursos e palestras. O TJSC reconheceu, de ofício, a prescrição retroativa para condutas anteriores à Lei nº 12.234/2010, mas manteve a condenação para os atos subsequentes.

Pinheiro não foi o único punido: o acórdão lista 13 outros réus, com penas variando de 2 anos e 4 meses (substituídas por restritivas de direitos, como prestação de serviços à comunidade) até 36 anos e 4 meses em regime fechado. Veja a decisão completa:

Apesar da condenação em segunda instância por órgão colegiado, que pode implicar inelegibilidade pela Lei da Ficha Limpa e perda imediata de cargo público, Pinheiro permanece no comando da SEMEL (Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer) em Pinhais desde janeiro de 2025, quando foi nomeado para secretaria pela prefeita Rosa Maria (PSD). A ausência de ação por parte da administração da prefeita Rosa Maria levanta questionamentos sobre transparência e moralidade administrativa, especialmente considerando o artigo 37 da Constituição Federal, que exige probidade nos cargos públicos.

Imagem: Portal da Transparência

Contraditório

Procurada pela redação do Jornal O Plano, em respeito ao jornalismo ético e equilibrado, a prefeita Rosa Maria foi questionada sobre a condenação de seu secretário, se a administração irá adotar medidas em relação à Ricardo Pinheiro e se possuem ciência da condenação. Até o momento, não obtivemos retorno. Entretanto, a matéria segue aberta para atualizações caso haja manifestações da prefeitura de Pinhais.

1 comentário em “Secretário Municipal de Pinhais é condenado por peculato, mas prefeitura decide não exonerá-lo do cargo”

  1. CÉLIA REGINA

    Duvido muito que ela se manifeste. Pois existe vereadores que já estão respondendo processo no ministério público. Segundo notícias , foram caçados, e estão na Câmara, ganhando o nosso dinheiro, e ninguém se manifesta. Pinhais, cidade sem dono.Existe tantas irregularidades, e ninguém toma providências.

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