Secretário de Fazenda de Maringá é alvo de operação da PF contra lavagem de dinheiro e pede afastamento do cargo

Imagem: Polícia Federal

O secretário municipal de Fazenda de Maringá, Carlos Augusto Ferreira, de 63 anos, tornou-se alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, deflagrada para combater a lavagem de dinheiro proveniente do narcotráfico internacional. A ação, batizada de Operação Mafiusi, em sua segunda fase, resultou no cumprimento de três mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão em diversas cidades do Paraná e de São Paulo, incluindo a residência de Ferreira em Maringá.

A operação, autorizada pelo juiz Nivaldo Brunoni, da 23ª Vara Federal de Curitiba, visa desarticular o núcleo financeiro de uma organização criminosa responsável pela movimentação, contabilidade e lavagem de capitais ilícitos. As investigações, iniciadas em 2022 sob o inquérito IPL 2022.0054361-SR/DPF/PR, apontam para uma rede que movimentou cerca de R$ 13,8 milhões por meio de pessoas físicas e jurídicas, utilizando contas bancárias para transferências multimilionárias. Há indícios de ligações com uma facção criminosa de São Paulo e de uso de recursos do tráfico para aquisição de um time de futebol.

Entre os alvos, Ferreira é investigado por suposto envolvimento no esquema, especificamente em sua atuação anterior como presidente da Pinkbank, uma fintech associada a casas de apostas esportivas internacionais. De acordo com a decisão judicial, evidências obtidas pela PF incluem conversas em aplicativos de mensagens entre Ferreira e um dos presos na operação, nas quais ele teria oferecido a estrutura da fintech para movimentar recursos de origem desconhecida.

A PF apreendeu bens de luxo em outros locais, como Ferraris, BMWs, Porsches, Mercedes, uma Harley-Davidson, relógios de grife e imóveis de alto padrão, além de decretar o sequestro de bens e o bloqueio de contas bancárias dos investigados.

O mandado de busca e apreensão na residência de Ferreira foi executado por agentes da PF de Londrina por volta das 6h30. Segundo o secretário, nada ilícito foi encontrado durante a ação, e ele colaborou plenamente com as autoridades.

Imagem: Polícia Federal

Veja a nota oficial do secretário publicada pela GMC Online:

Hoje, 16 de outubro de 2025 as 06:30 da manhã fui surpreendido por equipe da Polícia Federal, equipe de Londrina, com um MANDADO DE BUSCA E APREENSAO, em minha residência, os quais foram recebidos e nos colocamos a disposição tendo colaborado com as autoridades naquilo que me foi solicitado. Desconheço do que se trata pois não tivemos, ainda, acesso ao conteúdo do Inquérito que corre na 23ª Vara Federal de Curitiba sob sigilo, apenas sabemos que os fatos iniciais são de 2022, tendo o numero IPL 2022.0054361-SR/DPF/PR, neste período minha única ocupação era como Executivo do Grupo Empresarial de Saúde Nacional não tendo outra atividade empresarial, consultoria ou participei de Conselhos de Administração de qualquer empresa. Em minha residência, posso afiançar, que nada ilícito ou obtido de forma torpe foi encontrado e vamos ultimar esforços com nosso advogado para ter maiores detalhes e esclarecer os fatos. No meu histórico profissional, como Executivo Sênior e Empreendedor a décadas nenhuma mazela foi identificada, assessorei diversos clientes em assuntos específicos nas competências que possuo, fusões, aquisições e melhoria de performance. Saliento que esta fase de inquéritos diz respeito a prospecção probatória onde não se pode exercer o amplo de direito de defesa ou, ainda no meu caso, qualquer obstaculização e ações das autoridades, o que respeito e respeitarei sempre. Assim que tivermos acesso ao inquérito policial informaremos maiores detalhes. Na condição de Secretário Municipal da Fazenda solicitei ao Sr Prefeito licença para ter acesso e compreender o teor do Inquérito e providenciar minha defesa naquilo que couber e certamente demonstrará total isenção e nenhuma ligação com os fatos em Investigação.

Em resposta à operação, Ferreira solicitou licença temporária ao prefeito de Maringá, Silvio Barros, para se dedicar integralmente à sua defesa. A Prefeitura de Maringá, em nota, esclareceu que a investigação não tem relação com a gestão municipal e que, no processo de nomeação do secretário, todas as certidões exigidas foram verificadas, sem qualquer registro que o desabonasse. A administração reiterou confiança nas instituições, no devido processo legal e no direito à ampla defesa.

A PF informou que a investigação foca em atividades de Ferreira anteriores ao seu ingresso no cargo público, e que só tomou conhecimento de sua posição como secretário durante a deflagração da operação. Não houve buscas na Prefeitura de Maringá.

O caso segue sob sigilo na Justiça Federal, e novas fases da Operação Mafiusi podem ser deflagradas conforme o avanço das apurações. Ferreira permanece à disposição das autoridades e enfatizou sua intenção de demonstrar total isenção dos fatos investigados.

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