
Sarandi (PR) — O assassinato brutal da professora Fabiane Osmundo de Souza Campana, de 41 anos, escancara o colapso do sistema judicial brasileiro. Fabiane foi morta com 33 facadas dentro da própria casa, no dia 25 de setembro, pelo ex-marido Robson Aparecido Campana, de 43 anos.
O que torna o caso ainda mais revoltante é que o crime poderia ter sido evitado. Robson já havia sido preso meses antes por tentar atropelar Fabiane, jogando o carro contra ela durante uma discussão. Mesmo com um histórico de violência e uma medida protetiva vigente, ele foi libertado pela Justiça e voltou às ruas.Um histórico ignorado
Fabiane buscou ajuda. Tinha medida protetiva, registrou ameaças e avisou às autoridades sobre o risco que corria.
O ex-marido descumpriu a ordem judicial duas vezes e, ainda assim, nada aconteceu.
Quando tentou matá-la jogando o carro sobre ela, foi preso — mas solto em seguida. O Estado o libertou. E ele voltou para terminar o que havia começado.
O crime é dele, mas a falha é do sistema
Robson Campana é o assassino, mas o sistema judicial foi cúmplice por omissão.
As instituições sabiam do risco, tinham provas e antecedentes, mas optaram pela complacência.
Não foi falta de lei. Foi falta de ação.
Medidas protetivas e prisões preventivas só funcionam quando há coragem institucional para aplicá-las. O Brasil vive o contrário: um sistema que teme punir e que prefere a inércia ao enfrentamento.
Quando a Justiça falha, a impunidade vence
O caso de Fabiane é mais do que um crime bárbaro — é um sintoma de um Estado que não protege, não pune e não aprende.
O Judiciário brasileiro segue priorizando formalidades, recursos e burocracias, enquanto cidadãos comuns pagam o preço da impunidade.
A morte de Fabiane não é exceção; é consequência.
De um sistema que prende para soltar, que alerta para ignorar e que só age quando o pior já aconteceu.
A MUDANÇA
O assassinato em Sarandi revela uma verdade incômoda: a Justiça brasileira não falha por falta de leis, mas por falta de coragem.
Enquanto juízes e promotores continuarem tratando reincidentes como “réus em avaliação” e não como ameaças concretas, o país continuará repetindo o mesmo ciclo — crime, omissão e tragédia.
Fabiane fez tudo o que o Estado orienta: denunciou, pediu ajuda, confiou.
Quem não fez o seu papel foi o Estado.
E é isso que precisa mudar — não apenas em Sarandi, mas em todo o Brasil.

A matéria descreveu o sentimento de muitas mulheres que passam por essa tensão diariamente, sendo “protegidas” por uma A4. A Fabiane foi, não a última, enterrada com o silêncio do estado e o grito de quem confia nele.